COMO OS MÉDICOS MORREM – IMPLORAM POR PROLONGAR A VIDA?

Publicado em: 14 de ago, 2020

TEMPO DE LEITURA: Aprox. 3 min

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Médicos morrem sozinhos numa UTI? Pedem para que lhes seja prolongada a vida a qualquer preço?

Partindo da afirmação instigante, e com base no excelente artigo da Dra. Anna Lucia Coradazzi hoje vamos conversar sobre a morte.

Não especificamente sobre as causas de morte dos médicos, mas a maneira como a maioria escolhe para morrer. E mais: sobre o atual modus operandi que os médicos e o sistema de saúde tem imposto aos pacientes com doenças graves ou em fase terminal.

Cabe refletir, ainda, sobre o enfoque que no nosso país e na cultura ocidental as pessoas dão para a morte e o risco. Exemplos atuais são o comportamento face à COVID19, ou as campanhas apológicas antivacinação.

Temos o direito, nós os médicos, de impor aos nossos pacientes gravemente doentes e sabidamente no fim da vida, o que se chama de futilidade médica? Ou seja, usar todo o arsenal mais moderno disponível? 

Devemos, mesmo cientes de que eles vão morrer, submetê-los a cortes, tubos, catéteres e máquinas, fraturar costelas em tentativas inúteis de ressuscitação, apenas para prolongar a vida por alguns dias ou horas? 

Prolongar a vida é válido? 

Como se depreende do artigo, isto não é prolongar a vida, mas apenas o prolongamento do processo de morrer. E mais: morrer sozinho, sofrendo… que é o maior medo que todos os homens, aqui incluídos os médicos, têm.

Corroboro as palavras da autora do artigo: a morte não precisa ser tão triste, nem tão amarga…

Médicos e a morte

Médica deprimida sentado em desespero perto de uma janela de hospital

Médicos tendem a ser mais serenos e realistas quando encaram a possibilidade de morrer, diz a Dra. Anna. Eles sabem exatamente o que vai acontecer, conhecem suas opções, e geralmente têm acesso a todos os tratamentos disponíveis. Mas escolhem partir suavemente, de forma quase que submissa.

Óbvio que ninguém quer morrer… os médicos inclusive! Eles sabem que não são super heróis, que adoecem, e que podem morrer.

Acontece que, sabendo o suficiente sobre a medicina moderna, conhecendo os limites possíveis, preferem morrer em paz e aproveitar os últimos meses ou dias junto a familiares e amigos. Não morrem sozinhos, nem com sofrimento acrescido.

Os médicos tendem a ser mais racionais para consigo do que quando se trata de esclarecer o paciente e familiares sobre a inexorabilidade da morte, uma vez que sabem o que vai acontecer após a tomada de decisão por “fazer tudo que seja possível”…

Por isso tendem a não se submeter a tratamentos ou procedimentos excessivos, com pouca ou nenhuma chance de sucesso.

O papel do médico não é o de prolongar a vida

Diante do exposto, e dentro do princípio hipocrático fundamental da arte médica de não maleficência (primum non nocere), cabe ao médico esclarecer aos pacientes antes de impor medidas de prolongamento da vida como aqui citadas. 

Do artigo: “Cabe a nós, médicos, oferecer aos pacientes a informação que nos é disponível. Cabe a nós permitir que eles compreendam que a morte não é algo a ser evitado a todo custo, e sim um momento da vida, como qualquer outro. Em muitas situações, ela simplesmente não pode ser evitada, apenas adiada, e o custo disso pode ser um sofrimento intenso e desnecessário.


Não é esta sua opinião? 

Depois de ler o artigo da Dra. Anna Lucia, faça seu comentário abaixo.

¹Anna Lúcia Coradazzi é médica oncologista clínica, especializada em Cuidados Paliativos. Através do blog No Final do Corredor – histórias, experiências e lições de vida – https://nofinaldocorredor.com/ – publica ótimos artigos sobre pacientes com câncer e cuidados paliativos em doentes terminais.


CONTEÚDO TÉCNICO: DOUTOR CLÁUDIO J. TREZUB

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